
Geraldo Faria Campos é Professor Emérito da UFG
Primeiro professor do Centro de Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) a receber o título destaca a educação integral
A Universidade Federal de Goiás entregou no dia 15 de março, o título de Professor Emérito a Geraldo Faria Campos, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae), o antigo Colégio de Aplicação da UFG. Ele é o primeiro professor da unidade a receber a honraria.
O professor, hoje com 75 anos, lecionou por 30 anos no Cepae. Foi professor de diversas gerações, ensinando a língua portuguesa. Diante de uma trajetória tão marcante, não é por menos que o Salão Nobre da Faculdade de Direito, local onde ocorreu a entrega do título, estava lotado, por um público diversificado de ex-alunos, colegas de profissão, familiares e autoridades.
Algumas homenagens realizadas falaram bastante sobre o professor, conhecido por seus métodos próprios de provocar no aluno inquietações, levando-o a despertar seu espírito crítico e capacitando-o a leituras diferentes sobre seu cotidiano e sobre o mundo, o que torna sua prática tão inovadora e atual, como foi ressaltado no evento. Primeiro uma contação de histórias organizada pelo Cepae. Logo após, a leitura de um artigo da professora Rosana Borges, presidente do Sindicato dos Docentes das Unversidades Federais de Goiás (ADUFGo), diretora da TV UFG e ex-aluna do professor. Em seu discurso destacou os caminhos abertos a diversos alunos por meio da metodologia reveladora de ensino do professor. (Para ler o artigo acesse aqui)
Professora Rosana Borges entregou ao professor Geraldo Faria manuscrito, feito por ele mesmo, da poesia
de um ex-aluno utilizada em sala de aula, guardada por ela desde então
Em um relato emocionado, o professor aposentado da Faculdade de Educação e companheiro de profissão do homenageado, Paulo Marcelino expôs os motivos pelos quais Geraldo Faria que, mesmo sem títulos de pós-graduação, tão importantes para a academia, mostrou a diversos professores e estudantes uma nova forma de ensinar a língua portuguesa. Ele destacou que a escola precisa ser o lugar do encantamento, da alegria e não apenas da ciência. "Geraldo Faria mostrou que a educação acontece quando atua o educador e não a instrução", ressaltou Paulo Marcelino. Para ele, o trabalho de Geraldo Faria foi instigar a crítica, a análise, o espírito de justiça. O professor Geraldo Faria é conhecido por não seguir conteúdos programáticos pré-estabelecidos, não focar seu ensino pelas normas gramaticais e, sim, na leitura e na escrita de seus estudantes, olhar as dificuldades do aluno e o ser humano de forma integral. Paulo Marcelino resume assim a filosofia de ensino: "A ciência não faz mal, mas as vezes intoxica. As teorias linguísticas sem adequação a estrutura do aluno não funcionam." Ele encerrou o discurso destacando que o professor tornou o mundo um pouco melhor, especialmente para aqueles que tiveram a oportunidade de conviver e usufruir de suas ideias e práticas.
Professor Paulo Marcelino falou em nome da comunidade universitária durante a cerimônia
E foi acreditando nessa possibilidade de um mundo melhor que o professor Geraldo Faria fez seu discurso. Ele, uma pessoa muito religiosa, acredita que apesar de tudo o que vemos na imprensa, há pessoas boas no mundo e que é preciso crer nisso. Em seu discurso, destacou algumas pessoas do convívio diário dos estudantes do Cepae, como a bibliotecária, que incentiva e facilita a prática da leitura; a recepcionista que, por vezes, torna-se confidente dos alunos; o vendedor de balas e picolé (Dolé) que, em sua humildade, cuidava de passarinhos doentes e depois os soltava. Para ele, essas pessoas também são educadores de extrema importância na formação dos estudantes. Sobre sua forma de educar, rompendo com o modelo padrão, ele explica: "Dizem que não gosto de gramática. Eu gosto delasim, ela me ajuda a compreender, a escrever melhor. Mas, sempre achei que a gramática deve ser usada para ensinar a ler e não para tirar nota do aluno". Por fim, ele destacou seu desejo de que a universidade se torne cada vez mais próxima ao povo.
O reitor Edward Madureira encerrou a cerimônia lembrando que precisamos resgatar o valor da escola e da educação e que, diante de algumas manifestações presenciadas nos últimos dias, na Cidade de Goiás, que busca a instalação de um curso de Medicina da UFG, e em Porangatu, onde prefeitos da região Norte pleiteiam uma unidade da UFG na região, ele acredita que a população tem colocado a educação como principal pauta de reivindicação.
Fonte: Ascom/UFG
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