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Declaração de Bolsonaro repercute na internet

Em 01/04/11 04:33. Atualizada em 24/01/12 08:26.
50.000 pessoas já assinaram petições contra o deputado federal. OAB pede quebra de decoro parlamentar.

Jair Bolsonaro. O nome do deputado federal é um dos assuntos mais comentados na internet desde a última segunda feira, quando foi exibido no programa CQC, da TV Bandeirantes, um quadro de perguntas e respostas do qual o deputado participou. No programa, Bolsonaro respondia as perguntas da população nas ruas. O deputado do Partido Progressista do Rio de Janeiro e ex-militar, já é conhecido pela população brasileira por concordar com a Ditadura Militar de 1964 e por ser contra o direito dos homossexuais e a política de cotas.

Na entrevista de segunda feira, o deputado federal afirmou que nunca participaria de uma passeata gay porque “não promove os maus costumes”. Quando a cantora Preta Gil perguntou o que ele faria se o filho dele se apaixonasse por uma mulher negra, o deputado respondeu que isso jamais aconteceria porque seu filho foi muito bem criado e não se envolve com “promiscuidade”. Sobre a resposta dada à cantora, Bolsonaro disse em plenário, depois da veiculação do programa, que não entendeu a pergunta direito e que confundiu as palavras de Preta Gil.

 

Repercussão

Mesmo assim, na terça feira, a repercussão na internet foi grande. O nome de Bolsonaro apareceu como um dos mais comentados no twitter, uma das redes sociais mais populares. Várias petições foram criadas na internet, pedindo a cassação do mandato do deputado. Uma delas já recolheu mais de 50.000 assinaturas.

O estudante de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, João Paulo Tapioca de Oliveira, reuniu algumas dessas petições através do site de relacionamentos Facebook. A página criada afirma que as declarações do deputado foram homofóbicas e convoca a população a se manifestar contra elas. Até o fechamento dessa matéria, mais de 35.500 pessoas aderiram à campanha do Facebook. O criador da página, João Paulo de Oliveira, afirmou em entrevista ao Jornal das Seis de hoje que a intenção era divulgar as petições e defender os direitos homossexuais.

 

Deputados Federais e Ordem dos Advogados do Brasil

Além da manifestação espontânea na internet, instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil também falaram sobre o caso. A OAB do Rio de Janeiro entrou com um pedido de quebra de decoro parlamentar contra o deputado Jair Bolsonaro. O pedido já foi entregue ao presidente da câmara. No documento, a Ordem dos Advogados carioca propõe a quebra de decoro baseada na Constituição Federal, e diz que as declarações foram discriminatórias.


A cantora Preta Gil entrou com uma ação na justiça contra Bolsonaro pelos crimes de preconceito, intolerância racial e racismo. O advogado da cantora enviou ainda uma notificação para a Câmara Federal pedindo providências sobre o caso. Alguns companheiros de plenário do deputado Bolsonaro também se manifestaram contra as declarações dele. Deputados como Brizola Neto, Jean Wyllys, Chico Alencar e Ivan Valente assinaram três representações contra o deputado, alegando que foram feitas ofensas de cunho racista dirigidas à cantora Preta Gil.

O deputado federal Jean Wyllys explicou em entrevista ao Jornal das Seis de hoje que a base legal das representações é pelo crime de racismo, supostamente cometido por Bolsonaro. Segundo Wyllys, o deputado carioca fugiu das acusações de racismo, ao se justificar apenas como homofóbico, já que o preconceito contra os homossexuais não é considerado crime.


A reprentação da OAB, as representações assinadas pelos deputados federais e o processo movido por Preta Gil, somam pelo menos cinco acusações contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), desde a última segunda feira.

Fonte: Felipe Correa - Jornal das Seis