
UFG celebra trajetória de excelência na arte e na educação
Irene Tourinho e Raimundo Martins recebem título de professores eméritos da FAV
Raimundo e Irene ao lado da reitora da UFG e professores da FAV
Texto: Luiz Felipe Fernandes
Fotos: Julia Mariano
Referências internacionais no ensino e na pesquisa em arte e cultura visual, Irene Maria Fernandez Silva Tourinho e Raimundo Martins da Silva Filho são agora professores eméritos da Universidade Federal de Goiás (UFG). O título foi outorgado nesta segunda-feira (29/9) em sessão solene na Faculdade de Artes Visuais (FAV), no Câmpus Samambaia, que reuniu autoridades, professores, ex-alunos e familiares dos homenageados (o álbum de fotos estará disponível em breve).
O casal de professores foi peça-chave na estruturação e consolidação da FAV. A chegada deles à UFG em 1997 marcou a instauração e organização da recém-criada unidade acadêmica. Sua colaboração mútua foi fundamental para conquistas no campo da arte e da educação.
Em conjunto, destacam-se pela produção intelectual que se tornou referência nacional e internacional, além de terem liderado a criação e consolidação do Programa de Pós-Graduação em Cultura Visual, que posteriormente deu origem ao PPG em Arte e Cultura Visual.
Homenagens
Durante a saudação aos homenageados, feita pela professora Lilian Ucker, que representou o coletivo de professores e ex-alunos, o impacto dos docentes foi ressaltado como algo que transcende o reconhecimento formal – uma tentativa de traduzir em palavras "o impacto que vocês, Irene e Raimundo, tiveram e seguem tendo na vida de tantas pessoas".
Segundo Lilian, a atuação de ambos inseriu a FAV na contemporaneidade do ensino da arte e do design, "projetando um cenário para além do local e criando articulações nacionais e internacionais na formação de gerações". "Esta unidade só existe porque um dia alguém sonhou com esta FAV, arquitetou presentes para que se tornassem futuros possíveis", destacou.
A professora ressaltou a preocupação de Irene com o pensamento crítico, "transformando o currículo em algo dinâmico e cheio de vida". Seus textos, segundo ela, não só ensinavam, mas questionavam as bases do poder. Para além da produção acadêmica, Lilian afirmou que a contribuição de Raimundo também se deu por gestos, diálogos e coragem de construir espaços de pensamento crítico e de afetos.
Em um relato pessoal, o professor Flávio Gomes de Oliveira, diretor da FAV e ex-aluno dos homenageados, ressaltou que a disciplina que cursou com eles o levou a questionar todas as suas certezas. "Descobri que é muito mais divertido procurar a verdade e nunca encontrar", afirmou.
Compromisso coletivo
Em seu discurso, a professora Irene Tourinho disse que passou por três fases ao saber da homenagem: susto, imensa alegria e profunda gratidão. Ela disse receber o título em nome de um coletivo, pois acredita que "ninguém é culpado sozinho de um sucesso".
Ela refletiu sobre sua trajetória, citando a frase de Paulo Freire que sempre a orientou: "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo". Ela destacou a importância da arte em sua visão de mundo, afirmando que "a arte existe porque a vida não basta".
"Diria que aprendi a ficar atenta às capacidades dos outros e às minhas. Aprendi a construir e participar de grupos para fazer, pensar e sentir juntos, sempre de forma humana".
O professor Raimundo Martins, por sua vez, confessou ter sentido "incredulidade" ao revisitar sua síntese biográfica, pois considerava os projetos institucionais e acadêmicos como ações inerentes à atividade docente numa universidade pública. "Como docente e pesquisador, era minha responsabilidade empreender e realizar tais projetos, convicção que tenho ainda hoje".
Ele compartilhou duas experiências com seus orientadores que balizaram sua carreira, ao prepará-lo para a lida na administração e gestão educacional, e nos relacionamentos humanos.
Luta contra o ódio monetizado
A reitora Angelita Pereira de Lima encerrou a Assembleia afirmando que a homenagem celebrava "a cartografia dos bons afetos, gerados no percurso da educação". A reitora destacou que o reconhecimento aos professores da FAV ocorre no ano em que a UFG alcançou o nível de excelência na avaliação do Ministério da Educação (MEC), um resultado que reflete o trabalho contínuo, incluindo o legado dos homenageados.
Angelita fez uma reflexão final sobre a relevância do trabalho de Irene e Raimundo no contexto social atual, enfatizando que eles representam um caminho necessário de resistência. "O espírito do tempo em que vivemos é, infelizmente, o do ódio monetizado, da agressividade. A arte precisa lutar para ganhar mais espaço para superarmos esse espírito".
Fonte: Secom UFG
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